Os 10 romances mais importantes da literatura brasileira
Um relatório de 400 palavras foi elaborado com base em critérios específicos para selecionar apenas dez romances brasileiros eternos. O objetivo era evitar repetir livros do mesmo autor e priorizar obras que trouxeram alguma inovação formal.
Um exemplo é Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), de Machado de Assis, uma desconstrução do Brasil que usa a ironia para mostrar a hipocrisia da elite dirigente do século 19. O romance também se destaca por empregar novas técnicas narrativas, tornando-o a obra mais inovadora daquele século.
Já O Ateneu (1888), de Raul Pompeia, é considerado o precursor da autoficção e centra-se nas desilusões do menino Sérgio em um colégio tido como o melhor do país. Ele descobre a falsidade e os comportamentos sórdidos de um mundo onde não há lugar para o amor e amizade.
Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), de Lima Barreto, faz a transição da língua formal lusitana para uma linguagem quente das ruas e representa os seres marginais no Rio de Janeiro que sonhava com a modernidade. Aqui, acompanhamos o drama de um mulato discriminado por sua cor.
Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, retrata o Brasil como um país eternamente contemporâneo em todas as idades do continente. O livro transforma as características nacionais vistas como defeitos em elementos positivos da identidade.
Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, é um romance sobre a seca e o nordeste e narra a rotina desesperadora de nordestinos que vivem de fazenda em fazenda, isolados do mundo. Fabiano e Sinhá Vitória têm que tomar uma decisão crucial: eternizar este ciclo de exploração ou tentar dar aos filhos o estudo que eles nunca tiveram.
José Lins do Rego escreve Fogo Morto (1943), sua obra máxima do Ciclo da Cana de Açúcar numa estrutura narrativa moderna que condensa todo um tempo. O livro é uma fantasmagoria criada para mostrar o fim de um período colonial na história do Brasil.
O Grande Sertão: Veredas
De Guimarães Rosa, é um verdadeiro guia enciclopédico sobre o sertão brasileiro e seu narrador sertanejo usa a linguagem modificando-a filosoficamente para tentar dar vazão aos seus questionamentos interiores.
A Paixão Segundo GH (1964), Clarice Lispector mostra os questionamentos intermináveis da narradora atormentada pela necessidade de se conhecer, ampliando metaforicamente o eu e o agora até os primórdios da vida no planeta.
Já O Coronel e o Lobisomem (1964), José Cândido de Carvalho ambientado no litoral carioca mostra a figura ingênua do coronel que acreditava em lobisomem sendo enganado por figuras urbanas, cifrando o fim do mundo mítico que não tem mais continuidade no presente.
Essa seleção representa uma visão panorâmica da literatura brasileira por contar a história de diversas épocas através de suas narrativas e linguagem identitária. Cada obra oferece sua própria janela para o Brasil, construindo um retrato do país e sua diversidade.
.
Obra | Autor | Ano de publicação |
---|---|---|
Memórias Póstumas de Brás Cubas | Machado de Assis | 1881 |
O Ateneu | Raul Pompeia | 1888 |
Recordações do Escrivão Isaías Caminha | Lima Barreto | 1909 |
Macunaíma | Mário de Andrade | 1928 |
Vidas Secas | Graciliano Ramos | 1938 |
Fogo Morto | José Lins do Rego | 1943 |
O Grande Sertão: Veredas | Guimarães Rosa | 1956 |
A Paixão Segundo GH | Clarice Lispector | 1964 |
O Coronel e o Lobisomem | José Cândido de Carvalho | 1964 |
Com informações do site Revista Bula.
3 Comentários
Muito bom!
Obrigado por compartilhar. Vou começar ler os q ainda não li.
Não acredito que a obra Os sertões, do Euclides da Cunha, foi deixada de lado.