“Amanhã, Amanhã e Ainda Outro Amanhã”: a ascensão dos videogames na literatura
O livro “Amanhã, Amanhã e Ainda Outro Amanhã”, da escritora americana Gabrielle Zevin, está se destacando pela maneira como aborda o universo dos videogames com requinte literário. A autora, que cresceu jogando desde a adolescência, procura entender o que leva tanta gente a se enfurnar em realidades virtuais, sem preconceitos. Ela estima que, nos Estados Unidos, existem cerca de 50 milhões de gamers.
A trama gira em torno de dois amigos, Sam e Sadie, que possuem habilidades excepcionais para criar tecnologia e são atraídos pela ideia de escapar da morte. Os leitores são apresentados a Sam no hospital, quando ele diz que a única coisa que o impedia de desejar o suicídio era poder deixar seu corpo e estar em outro por um breve tempo.
Zevin mistura temas pop com arte sofisticada em uma trama envolvente que se ancora em referências literárias. O título do livro vem de Shakespeare: “Amanhã, amanhã e ainda outro amanhã arrastam-se nessa passada trivial do dia para a noite, da noite para o dia até a última sílaba do registro dos tempos”. Um personagem comenta logo depois que isso serve para definir os games e sua possibilidade de renascimento infinito: nenhuma perda é permanente porque nada é permanente nunca.
O reconhecimento da literatura aos videogames
O reconhecimento dos videogames como uma forma de arte tem sido cada vez mais evidente. Gabrielle Zevin reforça esse movimento, ao tirar o estigma dos jogos como algo inferior à literatura. Prova disso é a adaptação de “The Last of Us”, projeto que veio dos consoles e rendeu a série mais elogiada do ano até agora nas mãos da HBO.
A autora não faz uma defesa enfática dos jogos como um suprassumo cultural, mas demonstra que eles já fazem parte da vida de algumas gerações, como um tipo de entretenimento fundamentalmente calcado nos avanços tecnológicos. Ela busca entender como os videogames afetam a relação das pessoas com a mortalidade e o mundo, questionando como jogar videogames durante toda a vida afeta seu usuário.
Zevin cobre desde os anos 1980 até o presente, acompanhando as evoluções com deslumbramento meticuloso. O romance começa explorando uma universidade habitada por programadores, em que Sadie é a única mulher. Ela se envolve com um superstar da indústria gamer que gosta de algemá-la na cama e tomar crédito por seu trabalho. O livro termina com a própria Sadie dando aula na mesma faculdade, onde metade das alunas são mulheres e aquele professor está afastado. Afinal, no mundo dos games, não foi só a tecnologia que evoluiu. Zevin brinca que, até ano passado, precisava explicar às pessoas do que se tratava quando mencionava o jogo “The Last of Us” em entrevistas, mas agora soa até como um clichê.
Notícia |
---|
A americana Gabrielle Zevin lança romance “Amanhã, Amanhã e Ainda Outro Amanhã” que trata do universo dos videogames com requinte literário. |
Zevin mistura temas pop com arte sofisticada em uma trama envolvente que se ancora em referências literárias. |
O livro questiona como jogar videogames durante toda a vida afeta seu usuário e busca entender como os videogames afetam a relação das pessoas com a mortalidade e o mundo. |
Zevin cobre desde os anos 1980 até o presente, acompanhando as evoluções com deslumbramento meticuloso. |
O livro termina com a própria Sadie dando aula na mesma faculdade, onde metade das alunas são mulheres e aquele professor está afastado. |
Descoberta nova espécie de borboleta na Amazônia
Com informações do site G1.